
A definição mais antiga que temos de metáfora sob o ponto de vista do ocidente coube a Aristóteles. Metáfora, diz o pensador grego, é dar a uma coisa o nome de outra.
A palavra metáfora vem do grego metapherein: transposição, transporte ou transferência. O radical meta significa mudança e pherein é carregar. Então, quando e escritora Clarice Lispector define a palavra instante como “vasto ovo de vísceras mortas” (Água Viva), ela cria seu próprio dicionário e reinventa a linguagem. Utilizar metáforas faz-nos carregar, levar e não deixar nada parado, nada fixo.
A metáfora beija os extremos do arco-íris. É o que está perto. É o que está longe.
Quando li o artigo de Sigmund Freud sobre o que nos é estranho e o que nos é familiar, apliquei-o ao estudo da metáfora. Em alemão, estranho é unheimlich (em inglês, uncanny); o antônimo é heimlich, familiar.
Freud começa sua definição de estranho associando a algo que provoca medo, terror, pavor, utilizando exemplos extraídos da literatura alemã como o livro O Homem da Areia, de E.T.A. Hoffmann.
Quando estudamos na escola, a metáfora é comumente associada a uma outra figura de linguagem que é a comparação. Se usamos “como” numa sentença, estamos comparando. A metáfora vai além de uma comparação. A metáfora implica cognição.
